SENHORES DA GUERRA: favelas, hipocrisia carioca



Depois de falar sobre o mercado bélico no mundo, irei falar sobre a hipocrisia que ocorre nas favelas cariocas. Você sabe que este problema se arrasta há muitos anos, desde o início da cidade, quando nos lembramos dos cortiços. A cidade do Rio de Janeiro vive uma guerra urbana! Quem ganha mais com ela? Seriam os traficantes? Não! O governo corrupto, ou seja, o famoso "sistema".

Há algumas décadas, as favelas cariocas eram bem mais visíveis. Na Zona Sul, Catacumba, Praia do Pinto, Pasmado e Macedo Sobrinho ficavam diante dos olhos de todos. Todas foram arrasadas há mais de 40 anos, para que o "progresso" pudesse se impor sobre a pobreza. A lógica de remoção, o capitalismo, varreu favelas e seus moradores para longe, em geral, para debaixo do tapete, de uma então, ainda mais distante, Zona Oeste. Como diz o antropólogo e pandeirista Marcos Alvito, o verbo remover só é usado para favelas, lixo e cadáveres. Mandar os pobres para longe e abrir caminho às construtoras foi o jeito encontrado por governos na tentativa de fingir e resolver o problema.

A lógica da guerra e os confrontos armados que ainda persistem nas favelas cariocas impulsionam a ocorrência de uma série de violações de direitos que abrangem desde o fechamento de escolas, postos de saúde e comércio, a limitação do direito de ir e vir, a invasão de suas residências até, em sua face mais cruel e perversa, um grande número de pessoas feridas e mortas atingidas por armas de fogo. Todo esse quadro e a própria vivência desses tiroteios em disputas de território e incursões policiais produzem um clima de terror psicológico, repercutindo na vida das pessoas através do surgimento de diversas formas de adoecimento psíquico causadas pelo estresse emocional intenso a que são submetidos os sujeitos envolvidos direta ou indiretamente nesses episódios, sejam eles moradores, integrantes de grupos criminosos armados e/ou policiais.

E O DIREITO DE IR E VIR?

Pacificação das favelas

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Karl Polanyi (1980) argumenta que o desenvolvimento do Estado moderno se deu de forma paralela e contraditória ao desenvolvimento da sociedade de mercado, porém ao mesmo tempo estiveram intimamente ligados. Esse processo se deu por meio de um duplo movimento: de um lado, houve a expansão do mercado; de outro, a ampliação do poder estatal no sentido de evitar que a dinâmica do mercado levasse ao desmoronamento da sociedade. Mecanismos de regulação e de prote- ção social levaram a um re-equacionamento da interação do mercado com a sociedade, cujos valores se materializaram em um conjunto de direitos e deveres assegurados por meio de políticas e instituições estatais.

De acordo com Burgos (2005), os moradores das favelas, embora de baixa renda, representam um mercado consumidor bastante dinâmico. Assim como indivíduos que moram em outras localidades da cidade, pensam e agem como atores de mercado. Portanto, de olho nos consumidores que ali habitam, o período pós-pacificação é marcado pela entrada de grandes empresas no morro, que direcionam suas atividades para o mercado antes inacessível de forma direta.

CONCLUSÃO

Vivemos uma verdadeira hipocrisia, fato este, que está sendo replicado por diversas sociedades brasileiras. 

O absurdo acontece assim, enquanto uma cidade precisa crescer e se desenvolver para abrigar grandes empresas comerciais e industriais, precisa-se de mão de obra. Para "modernizar" os bairros e o espaço urbano, onde está o capital, o governo expulsa os pobres que irão diminuir o valor financeiro e visual do local. Essas pessoas se amontoam nos morros ou em locais desocupados e que estão mais próximos possíveis dos centros urbanos. O governo finge que não vê, pois precisa do trabalho deles.

A cidade cresce, fica tecnológica e passa a necessitar de mão de obra especializada. Portanto, essas pessoas já não são tão necessárias, mas já que estão ali, vamos dar um jeito de lucrar? O governo tira o domínio criminoso, que é o único a estabelecer algum tipo de ordem e assistência, para poder se promover e permitir a invasão do capital em um novo território.

A nova dinâmica instaurada na favela a partir da pacificação e do processo imediato de expansão do mercado em suas diversas formas tem gerado efeitos desestabilizadores da sociabilidade existente, mostrando que a inclusão pelo mercado produz, paradoxalmente, novas formas de estratificação e exclusão que se evidenciam na privatização dos espaços públicos e nas inseguranças em relação a uma remoção branca que estaria em curso.

COM ISSO, VIVEMOS UMA FALSA PACIFICAÇÃO, QUE DEVERIA SER CHAMADA DE EXPANSÃO DO CAPITAL E QUE VISA, SOMENTE, O LUCRO E EM NENHUM MOMENTO, O BEM ESTAR DA POPULAÇÃO.   

OS SENHORES DA GUERRA ESTÃO LUCRANDO COM OS IMPOSTOS E COM OS INVESTIMENTOS COMERCIAIS QUE QUEREM DOMINAR ESSES TERRITÓRIOS POPULOSOS. 

GEOGRAFIA PARA QUÊ?


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